sábado, março 28, 2015

EQUÍVOCO DO AMOR


 
Como é bom por vezes,
Estar sem estar...
Apenas imaginar... E, por um instante navegar nas silenciosas
E cristalinas águas do pensar...
Pois, só no pensamento posso estar sem estar...
Posso tê-lo, sem que você saiba.
Posso caminhar por longas trilhas sem tirar os pés do chão....
Posso escalar uma montanha sem me cansar....
Posso imaginar como seriam as coisas, os fatos, as pessoas, o tempo....
Se as coisas não fossem como são;
Se os fatos fossem repensados;
Se as pessoas fossem refeitas...
 como seria eu e você se o tempo fosse outro...
A mente elabora nossos sonhos, nossos desejos...
Aqueles que não tivemos coragem de viver.
Você é parte dos meus sonhos...
Posso tê-lo, sem que você saiba ou sinta.
Lamento ter passado por você despercebida....
Perdemos os dois....
Por isso hoje definitivamente te coloco no baú
De minhas lembranças, as mais veladas....
Aquelas das quais não passaram de sonhos...
Aquelas que eu mais quis viver, mas não sei por que perdi a hora.....
Não sei se cheguei tarde ou cedo demais...
Talvez não fosse a sua hora, nem a minha.....
Nem sei se ainda terei uma hora.... Alguém.... Você.... Eu.... Nós.... O tempo.....
Passado..... Futuro..... Presente..... Ausente..... Corrente do destino...

Aprisionando a gente no holocausto da solidão introdutiva do apocalíptico equívoco do amor!
Márcia Kraemer (Poetisamar)

sexta-feira, março 27, 2015

A VIDA NÃO USA MEIAS.





Jamais lamentarei sobre o que poderia ter sido...
Quando este “poderia ter sido” choca-se contra os muros da ilusão simplesmente se desfaz.
E desfeito o que poderia ter sido abrem-se novos horizontes, mais amplos, maduros e fiéis aos desejos, aos sonhos e a vida. Esta por sua vez se encarrega de nos despir das meias e das máscaras, das fantasias do que um simples poderia ter sido criou, deixando as marcas de um sonho que findou.
Simplesmente poderia ter sido... Não foi e jamais será... Apesar daqueles momentos em que pareceu real intenso e verdadeiro nos caminhos obscuros da desventura, onde não cabe sequer uma lágrima de arrependimento, um murmúrio de lamentação. Porque até mesmo do que poderia ter sido aprendemos, crescemos, amadurecemos para algo que ainda virá a ser e o que poderia ter sido ficará registrado nas lembranças dos sonhos, dos desejos, das vontades.
O que poderá ser é presente, é futuro e sempre vem depois do que poderia ter sido, onde não cabe mais esperança.
Esperar agora somente pelo que ainda poderá ser sem esquecer-se do que poderia ter sido.
Há sempre uma nova surpresa no que poderá ser.
Assim sigo, com os pés no chão... Sem meias...

Marcia Kraemer.

SENTIMENTES. (SEMENTES FILOSÓFICAS) Do Livro Expressão da Alma. Da Crônica à Poesia.





Sentimentos são sementes...
Quando lançadas na alma
transformam-se e germinam.
Tornam-se dignas ao serem ofertadas com gratidão.
A alma eterniza os frutos
que emanam do seu sentimento mais sublime...o amor!
O amor é a mais divina e pura semente.
Nosso mestre Jesus, nos ensina com profundidade
e revela com sabedoria na parábola do semeador,
(que sou eu, que é você),
que o resultado do lançar a semente
depende do preparo e da escolha da terra
onde a semente será lançada.
As pedras simbolizam um terreno infértil,
um terreno que não foi previamente preparado
para acolher a semente,
isto não significa que ele não receba a semente.
O terreno pedregoso até recebe a semente
mas, não tem abertura ou preparo para que ela germine.
Somos este terreno infértil e pedregoso
quando agimos com superficialidade.
Nos tornamos férteis quando
aprendemos a acolher as sementes com humildade,
quando temos clareza de nosso terreno interior,
quando temos coragem de tirar todas as pedras e
todas as impurezas que impedem
a semente de germinar em nossa vida.
Desta forma aprendemos a retirar os ciscos da alma,
que nos impedem de sermos melhores.
A certeza de se estar preparado para viver e retribuir
as sementes que a vida nos oferece a cada momento,
passa pelo discernimento, para que possamos
identificar e aceitar os"ciscos na alma".
Este é o primeiro passo para perdoar, aperfeiçoar e,
entender os sentimentos como um  processo
de maturidade  pessoal, humana e espiritual.

Autora: Marcia Kraemer

quinta-feira, março 26, 2015

Da lamentação à compreensão da vida

        


 Eu só queria da vida
uma chance para experimenta - la
em sua totalidade... mas, só encontrei:
Caminhos retorcidos,
becos sem saída,
curvas perigosas,
exaustivas subidas,
trechos sem a mínima visibilidade,
outros sem sinalização...
 Vida, que perdeu seu rumo,
desencontrada,
desconcertada,
atrapalhada...
Teoricamente encantadora, mas
sua prática um tanto desequilibrada;
Oh! Vida, onde está a tua totalidade?
Além do ar que respiro;
Além do sol que me aquece;
Além da terra que me sustenta;
Além da chuva que te renova;
Além das cores do arco - íris;
Além do horizonte,
acima do firmamento,
maior que os astros...
Onde? Onde está tua plenitude?
Se és conceituada como um espaço
de tempo entre o nascimento e a morte...
Vista como uma viagem...
Uma passagem...
Assim me pareces por demais breve...
Por demais vaga...
E ao mesmo tempo constante.
Sim, porque a vida não pára...
Não parou quando eu nasci e
não vai parar quando eu morrer...
A vida não parou
quando me senti perdida,
não parou quando me encontrei...
  A vida não parou
quando chorei,
e não parou
quando sorri...
A vida não pára...
Não parou para eu pensar... refletir...
Não parou quando agi.
Não parou quando necessitei de silêncio...
E nela, não encontrei esconderijo...
Se subia uma montanha,
ela, silenciosa me acompanhava
no verde das plantas,
no balançar das folhas
no ruído dos animais,
no canto dos pássaros,
no barulho da correnteza...
E, lá do alto pude observa - lá
ao longe, a minha volta e
e bem de perto na suave brisa...
A vida não pára,
quando me arrependo...
quando desisto... ou recomeço...
Não pára para me ensinar...
para me corrigir... para eu aprender...
e nesta complexidade
a vida não pára e
não nos permite parar
e nesta vastidão
sou apenas um grãozinho de areia.
 Um sopro na atmosfera terrestre...
Uma gota na imensidão do mar...
Vida! Diante das minhas misérias
humanas, da minha pequenez,
curvo - me constrangida
perante teu esplendor.
Vida, por um momento em meio
 aos meus devaneios,
deixas transparecer sutilmente
que o linear de tua plenitude
está na transcendência
deste plano terrestre...
plano terrestre...
 Um sopro na atmosfera terrestre...
Uma gota na imensidão do mar...
Vida! Diante das minhas misérias
humanas, da minha pequenez,
curvo - me constrangida
perante teu esplendor.
Vida, por um momento em meio
 aos meus devaneios,
deixas transparecer sutilmente
que o linear de tua plenitude
está na transcendência
deste plano terrestre...
Na eternidade...
Na infinitude...
Ultrapassando a morte carnal
para a definitiva vida espiritual,
plena... Devolvendo o corpo ao pó
de onde se formou e elevando a
alma para Deus que a criou!
“ quem somos nós, míseros mortais para questionar com Deus?
Se mal conhecemos
o que está ao alcance de nossas mãos,
como então perceber ou entender
os insondáveis desígnios
do Criador, que fez tudo sozinho?” 
Márcia Kraemer.

A nuvem e o roseiral. Do Livro Expressão da Alma. Da Crônica à Poesia.





A nuvem e o roseiral.
Todas as manhãs o vento passeava leve e faceiro pelo roseiral. Como uma criança inocente fazia suas traquinagens com as vaidosas, que por sua vez, acolhiam a suave brisa. Mas quando chegava ligeiro reclamavam tamanho atrevimento, espalhando suas pétalas pelo ar em repentinos movimentos.
 Uma nuvem curiosa que o observava de longe resolveu aproximar-se para indagar seus estranhos jeitos.
Orgulhoso por sua força, em movimentos de redemoinho soprou a nuvem para longe dali.
Que mais adiante encontrou outro vento contrário que a devolveu aquele lindo cenário.
Resolveu então queixar-se com as rosas pela fúria do vento, e foram logo avisando que apesar de seus trejeitos, simpatizam com ele.
Mesmo inconstante e matreiro fazia sentirem-se bailarinas do evento.
A nuvem, não concordou no momento. Retirou-se para refletir sobre as intempéries do vento.
Quando se deu conta, havia percorrido quilômetros, embalada por quem? Sim, pelo vento.  Então se estendeu majestosa sobre o roseiral, que apesar de seu bailar não saia do lugar. Não sentia outros perfumes além do seu. Enquanto que ela apesar de passageira, tudo via, tudo sentia. Agradeceu o vento e suavemente partiu ao encontro das floretas, montanhas e rios. Do roseiral um lamento surgiu, pela bela visão que partiu. Foi uma nuvem passageira.  E uma lágrima caiu...
 Márcia Kraemer

quarta-feira, março 25, 2015

Jardins sensuais de Orfeu. Do Livro Expressão da Alma. Da Crônica à Poesia.






Orfeu usava a lira para transformar sua paixão, seu amor, seus desejos ardentes em melodias que fascinavam até os pássaros... É assim quando o amor chega, com seus encantos, fazendo das sensações sua lira, fascinando os que se rendem a esta magia, com a mais bela e intrigante melodia poética da paixão, dos sonhos e dos desejos mais ardentes, que se transformam em vento suave nos jardins de Orfeu, capaz de arrancar a folha que temia, até então, desprender-se, para enfim rolar e voar livremente nos braços do vento da majestosa paixão.
Como deuses nos jardins sensuais de Orfeu, os apaixonados se entregam com a mesma sensualidade e magia com que Orfeu tocava as cordas de sua Lira.
Com a mesma suavidade com que o orvalho escorre pelas plantas o amado unge o corpo de sua amada, lentamente... Formando pequenas cascatas de vinho puro e cristalino, fazendo do corpo da amada a sua taça, por onde percorre  com os lábios sedentos de prazer, não desperdiçando uma gota sequer para a volúpia  de sua amada.
Assim como o sol, quando liberta seus primeiros raios pela manhã, aquecendo profundamente o mundo  dos mortais, declarando seus loucos e ardentes desejos pela terra, que  aguarda sedenta e serena nas noites escuras e frias,  pelo calor do seu amado a cada  novo amanhecer, seus lábios ardentes, aproximam-se lentamente, até tocarem os lábios da amada no exato momento em que seus corpos se entregam ao deleite delírio místico dos gemidos inefáveis da louca paixão.

Os corpos colados um ao outro em transe absoluto de prazer e delírios, flutuavam sobre o umbral do êxtase  ardente como ouro no crisol.
Márcia Kraemer

ALMAS GÊMEAS.





Ao lançar-se no mais profundo ser, entregando-se de alma,
chocam-se dois corações que se completam,
na sensibilidade dos sentimentos, na carência de doação.
Na simplicidade terna da  ânsia eterna de assim permanecer.
Mergulham juntas almas que almejam, no mais profundo oceano do ser,
encontrar o bálsamo, o refrigério do coração partido.
Na simplicidade terna da ânsia eterna  de assim permanecer.
Gemem juntas almas gêmeas, banhando com as lágrimas
dos olhos esperançosos e de corações aflitos,
que retornam à superfície da vida.
Na simplicidade terna da ânsia eterna de assim permanecer.
A fuga.... O medo.... o silêncio da superfície...
A longa espera, doce quimera,
sútil encanto, de almas gêmeas que sonham juntas,
na simplicidade terna da ânsia eterna de assim permanecer.
Autora: Márcia Kraemer.