sexta-feira, maio 17, 2013

SER POETA




Desvendando algumas características deste ser, que dá vida às palavras, aos sonhos e anseios enrustidos na essência da alma, por detrás das cascas dos medos, incertezas e inseguranças, suavemente rasgadas pelos versos de esperança, pelas rimas da existência, e pelo suave prazer da leitura que convida a uma desconexão do mundo irreal (este), para o mundo real (interior), em um breve encontro consigo mesmo com seus sentimentos e emoções, lágrimas e sorrisos, descobre-se o âmago do próprio ser na profundidade e na intensidade das palavras escritas pelas mãos mágicas do poeta que brinca de ciranda com as letras e pula corda com os versos.
Poeta é assim vê vida aonde aparentemente não tem, vê amor aonde aparentemente não existe, vê caminhos em meio a pedras e espinhos. O poeta arranca o véu da aparência trazendo à luz as verdades mais veladas e temidas, mais covardes e desafiantes para o intelecto dos inertes e a certeza de que o amor existe para quem nele crê, com ele vive e por ele se doa nas entrelinhas da vida, onde está escrito que só se ferem os que a ele não se entregam, só se decepcionam os que ele idealizam, e só morrem os que dele se desviam.
 Na leitura poética do mundo dos relacionamentos, amor e amizade são sentimentos intimamente e inseparavelmente ligados. Sendo que não existirá amor sem amizade como também não existirá amizade sem amor. A dinâmica entre ambos pode ser comparada a semente e o barro, que juntos brotam, juntos florescem, juntos saciam, juntos oferecem seus frutos. A semente sem o barro é apenas uma semente, o barro sem a semente é apenas um punhado de barro. O amor não surge sem o amparo da amizade e a amizade não dura sem o amparo do amor. Portanto, o ser poeta está muito além de escrever palavras bonitas, ser poeta antes de tudo é ser protagonista do amor e da amizade.
O poeta elege como fonte sua própria alma, fragmentada em seus poemas, versos e canções. E se vem da alma para ela retorna com maior intensidade, libertando-a, pois, o poeta é distribuidor das preciosidades reservadas em seus constantes mergulhos nas profundezas do oceano da reflexão para assim transformá-las em ação libertadora, mesmo que nem sempre tenha vivenciado aquilo que escreve, mas, sempre escreve aquilo que sente. E são vários os sentimentos que levam o poeta a compor e estes sim são experimentados em sua totalidade.
Na concepção poética não existe meio termo, existe busca para encontrar um sentido completo ao desenvolver seus pensamentos, existe busca pela palavra exata que transpareça a razão de ser dos seus escritos dentro de um contexto lirístico complexo que proporcione ao leitor, no ato da leitura, a partilha e a experimentação dos sentimentos contidos nas palavras. Mesmo que não deixe transparecer o poeta está sempre atento a tudo e a todos, são fatos, movimentos, palavras, paisagens, a madrugada, uma simples folha seca jogada ao chão. Nada, nada escapa a sua capacidade coletora e inovadora de idéias, capaz de transformar o que já é belo em algo fascinante e o insignificante no que há de mais belo.
Congênito por natureza, artista por excelência, com um forte e aguçado magnetismo literário, fomenta em cada verso um trepidar de emoções que exaltam o amor e a amizade na plenitude da vida! Autora: Márcia Kraemer

terça-feira, maio 14, 2013

DIMENSÃO DAS PALAVRAS



Depende mais de quem as ouve?
Ou de quem as pronuncia?
Se fala pensando no dane-se de como irão entendê-la, é melhor que não fale.
Se ouvir pensando em julga-las é melhor que não ouça.
As palavras não são assim tão simples.
Poderiam até ser, se entre quem as ouve e quem as fala houvesse a mesma sintonia.
Mas, mais do que sintonia, o que predomina entre o ouvir e o falar são os conceitos e os preconceitos na boca de quem as pronunciam e nos ouvidos de quem as ouvem.
Neste caso, entre a dimensão e a complexidade das palavras, prefiro mergulhar na profundidade do silêncio.
Dizem que um olhar, um gesto, são maiores que mil palavras.
Um olhar sincero é muito maior que uma palavra que fere, mas não maior que a palavra que consola.
Um gesto de carinho é maior que uma palavra que acusa, mas não maior que uma palavra que cura.
Percebem a dimensão e a complexidade?
Que tal um mergulho nas águas do silêncio?
Porque águas do silêncio?
Porque o silêncio sempre leva as lágrimas.
Porque no silêncio entramos em contato com a alma e dela sim ouvimos a dimensão exata que consola e cura o estrago que as palavras ditas e ouvidas fazem em nossos sentimentos, em nossas emoções, em nossos sonhos, em nossa vida.
 Mais do que em gestos ou olhares o silêncio as contem em sua dimensão exata.
Nas palavras estão as promessas não cumpridas, os sonhos não realizados, os desejos não vividos, os sentimentos esquecidos e os amores perdidos.
Prefiro ainda o silêncio, tão raro, tão curto, tão intenso.
Marcia kraemer