sexta-feira, setembro 11, 2015

FATURAS DE AMOR






FATURAS DE AMOR
Entra ano e sai ano...
Entra governo e sai governo...
E parece que nada muda...
As faturas aumentam...
Os salários continuam mínimos...
A saúde, a educação, a economia, a corrupção...
A violência, a falta de prudência no trânsito...
Suicídios, homicídios, tragédias...
Correm as mídias, viram manchetes...
A inadimplência aumenta a cada ano...
E assim segue o ser humano.
Uma corrida exaustiva pela busca incessante de ser no ter.
Quando bastaria apenas ser.
E com isso nossas faturais emocionais aumentam...
A inadimplência nos relacionamentos afetivos supera qualquer índice anunciado pela mídia.
A corrupção do amor corrói mais vidas do que os cofres públicos.
Os desvios de valores são mais danosos à população do que os desvios de verba.
A falta de afeto é tão antiética quanto o nepotismo.
Mas enquanto o foco estiver na bagunça econômica, no lixo eletrônico, na superficialidade e na corrida pelo poder o ser humano continuará perecendo e continuaremos inadimplentes nas faturas do amor, da caridade e da gratidão.
Queremos um mundo melhor, uma sociedade justa e solidária.
Queremos banir qualquer forma de preconceito.
Queremos direitos iguais.
Queremos políticos honestos.
Organizamos manifestações, campanhas... Saindo as ruas de cara pintadas, batendo panelas... Promovendo barulho... Em meio ao caos social.
E o principal, o essencial fica sempre pra depois...
A nossa dívida interna esta alcançando níveis cada vez maiores...
Uma dívida que não se paga com dois empregos, com vales, cartões de créditos ou com empréstimos bancários.
Amor com amor se paga e jamais se apaga.
Vivemos na era da escassez de abraços, de sorrisos, de encontros.
Falta tempo...
Mas não nos preocupemos, pois quando um ente querido partir nos é concedido o direito, que consta em lei, de um tempo para acompanha-lo a sua última morada... Já que não tivemos tempo para visita-lo a tempo...
A vida é definida como o espaço de tempo entre o nascimento e a morte...
Poeticamente ouso discordar desta ou de quaisquer outras definições e proponho que a vida é o próprio espaço de tempo que dispomos para morrer sem lamentações... Feliz daquele que conseguir tão nobre e louvável gesto de caridade a sua própria alma.

Márcia Kraemer. (Poetisamar)