Pode por ventura um poeta dizer adeus à poesia
Antes do seu derradeiro suspiro?
Amassando sua própria alma como o faz com o papel
de anotações arremessado na lixeira.
Cortando os pulsos da veia poética, como corta
rimas de seus versos...
Introduzindo uma flecha em seu peito como
introduz a vida em seus poemas...
Calando para sempre suas inspirações como calou
por tantas vezes para ouvir os sussurros do universo.
Pode por ventura um poeta sobreviver sem
escrever?
Pode por ventura um poeta sentir a vida pulsar
proibindo as manifestações do amor poético enraizado em seu coração?
Pode por ventura um poeta adequar-se a este
mundo efêmero quando seu próprio habitat é a levitação sobre os embustes
carregados de pura matéria onde os sentimentos são meros matizes
superficialmente rabiscados nos muros da insensatez.
Pode
porventura o poeta, desvencilhar-se do seu espírito para uma matéria que não
condiz com sua essência elevada, que se manifesta como o ar em movimento
varrendo dos olhos dos que os leem as poeiras que ofuscam a luz de um novo e
sublime olhar sobre a vida que pede passagem...
Pobre e inútil existência sem esta pura e cristalina
essência!
Marcia Kraemer 26/05/2015