sexta-feira, outubro 15, 2010

A MINHOCA E O URUBU














Era uma vez uma minhoca que sonhava alto. Em sua cabeça, não entendia porque um pássaro feio como o urubu, que se sente atraído por sujeiras possuía asas e ela não. Sem contar todas as vezes que ela teve que moderar seus passeios por causa do astuto. Então resolveu navegar, já que voar era impossível. Construiu uma pequena embarcação com material retirado da terra e aventurou-se rio abaixo. Esperta, e cansada das investidas do incansável urubu, levava consigo uma porção de terra para o caso do abelhudo aparecer e querer abocanhá-la teria aonde se esconder. É, nem todas as minhocas são assim precavidas, muitas já foram parar na boca de peixes, de urubus, de sabiás, de rolas, de papagaios, e até em pratos exóticos. E urubus, ah, essa raça, que nojo. Nojo? Ainda bem que eles, os urubus, não o sentem, por isso servem de garis na natureza. Que absurdo comparar os garis com urubus. Absurdo? É ter que existir os garis, para limpar a sujeira largada em todos os lugares. Absurdo? É o que eles, os nobres garis encontram no lixo, muitas coisas servem ainda para serem usadas pelos menos abastados, mas outras, francamente, nem os urubus jogam fora, como seus próprios filhotes recém nascidos. Absurdo? É esta minhoca achar-se precavida, ora, nem parou para pensar que o sol irá secar a terra e adeus esconderijo. Mas pode chover. Sim poderá chover, mas quantos pingos de chuva seriam necessários para desmanchar seu punhado de terra. Hipóteses! Estatísticas, expectativas disto ou daquilo e até de vida. Bem, todos se declaram a favor da vida, seja ela das minhocas ou dos urubus. O importante é trabalhar a seu favor, quer dizer a seu próprio favor. Mas, mesmo trabalhando a seu favor, a minhoca se ferrou, pelo menos nesta fábula, enquanto o urubu, gari da natureza, e os garis, nobres trabalhadores da selva de pedra, continuam por aí limpando a sujeira provocada pelos habitantes do planeta terra.

Moral da história: “Nem sempre a precaução adotada é a mais adequada”. E:

“Em terra de minhoca, urubu não bica”.

Autora: Marcia Kraemer