Sou um palco e ao mesmo tempo a plateia.
Atuo e aplaudo.
Como um monólogo interiorizado a procura de personagens
insanos que habitam o teatro da vida.
E por falar em palco, teatro, personagens recordo-me das
fábulas infantis: branca de neve, cinderela, gata borralheira e tantas outras.
Se fosse possível mudar estas personagens de estória, como
será que a branca de neve se sentiria no papel de gata borralheira e
vice-versa?
O cenário é outro, os personagens, o contexto, as falas, tudo
é novo e diferente, por isso, será preciso um tempo de adaptação que talvez não
aconteça.
Trata-se de uma mudança radical, que assusta e desencoraja a
capacidade de superação, poucos são os que conseguem esta façanha.
Nem sempre a inversão de papéis surte o efeito desejado para
quem o pratica e para quem acompanha o desenrolar da estória.
Assim como afetam no real, as inversões de valores sociais e
culturais em nome de uma modernidade, na maioria das vezes inconsequente pela
subjeção de fatos aleatórios projetados em ambientes climatizados e luxuosos,
distantes da grande plateia, que assiste o desenrolar de uma história sem
entender o que acontece nos bastidores.
Estando as cortinas abertas ou fechadas é difícil saber que
rumo à humanidade tomará e muito menos o que se tornará.
O fato é que existe por aí muita Cinderela virando gata borralheira
no palco da vida, como também tem muita gata borralheira que se torna cinderela
e acaba sendo trocada pela bruxa. Assim como príncipes viram sapos, e isto é
muito comum, tem sapo que vira príncipe. Tem rainha virando bruxa má, tem Fiona
virando ogra, tem cinderela casando com ogro de olho no pântano. Ainda bem que
apesar da era robótica, surgem novas estórias infantis, apreciadas também por
adultos, talvez pela necessidade de tirar férias do “adulto”, voltando ao
mágico conto de fadas no palco infantil, ONDE TODOS VIVEM FELIZES PARA SEMPRE!
Márcia Kraemer.