quinta-feira, novembro 21, 2013

APENAS UMA TAÇA.



Há quem pense que uma taça de vinho não é o suficiente para sentir seu inigualável sabor.
É preciso saborear com intensidade cada gota que cabe dentro de uma taça. Eis a diferença entre a taça e a garrafa. Você poderá tomar uma garrafa inteira sem sentir sabor.
A intensidade da vida não está na quantidade, mas na qualidade com que erguemos a taça, na leveza de cada gole, a sutileza do prazer em cada gota, o aroma que se espalha pelo ar, os lábios molhados pelo sabor e o prazer de um bom vinho.
Nos lábios molhados está à magia, o encantamento, o verdadeiro e único sabor da paixão, do desejo, das vontades e antes do prazer os corpos entram na mesma sintonia, como únicos autores, embalados pelo mesmo sentimento, inédito, novo, intenso e único.
A sintonia do olhar fala pelo toque, pelo aroma, antes disso, tudo é improvável, é mistério, é pura imaginação, tomar esta taça nas mãos... Envolve-la em seus braços e levar horas para não desperdiçar uma gota sequer.
Tem muita garrafa por aí, você bebe sem ao menos abrir... E depois fica sem gosto algum...
Você apenas tocou na garrafa... Mas não bebeu o vinho.
Por isso prefiro apenas uma taça
Esta é a minha versão do amor.
Poética, porém verdadeira.
Estranha, porém única.
Complicada, porém a única poesia que realmente vale a pena viver.
Por ser vida, desejo, sentimento.
Fazendo do amor um ato poético
Ultrapassando os limites do prazer carnal na junção entre a magia e o amor, vida e poesia, homem e mulher.
E o que restou de vinho ainda na garrafa? Terá depois o mesmo sabor? Ou ficará com gosto amargo? E quanto à lembrança do sabor que ficou se perderá com o tempo?
Eis os questionamentos, motivos das desilusões.
Esquecemos o sabor do início e jogamos fora o que sobrou na garrafa.
Mas isto quer dizer o que?
Que os sabores da vida são diferentes a cada dia.
E cabe a nós senti-los com intensidade porque o sabor de hoje é diferente do sabor de ontem e o amanhã nos reserva um novo sabor.
Mas nós só queremos os sabores bons, não usamos nossa criatividade para acrescentar essências novas ao vinho que restou e que poderia transformar-se em uma nova bebida, ainda mais doce que a primeira e única taça.

Marcia Kraemer

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