Debruçada no umbral dos sonhos, ela observa as fases ocultas
no espelho da alma onde vê refletida, sobre a névoa dos pensamentos, um vulto
contemplativo que emerge das profundezas das ilusões, prometendo a si mesma
sobre cada lágrima que cai, que para lá não mais voltará... Ouve em seu intimo
o colóquio de suas inquietudes:
- Não podes embarcar nesta viagem! Sentença da razão.
- Podes me dizer por quê? Indaga o coração.
- Ela pode não ter volta. Responde a razão.
- E quem te disse que quero voltar? Brada o coração.
- Ingênuo! Profere a razão.
- Ingenuidade seria render-me a inércia que me provocas.
Desabafa o coração.
- Inércia que te segura das tuas sem medidas loucuras.
Retruca a razão.
- Melhor um insano feliz que um racional acorrentado em tuas
sóbrias sentenças. Argumenta o
coração.
- Então, não tardas a partir. Porventura me levarás contigo?
Ironiza a razão.
- Se fores comigo, não irei. És a parte mais pesada de minha
jornada. Declara o coração.
- Sou a parte que pondera tuas emoções que te levam a criar
ilusões. Argumenta a razão.
- O que declaras como ilusões soam para mim como sonhos
recheados de emoções. Sintetiza o coração.
- CALEM-SE! Suplica a alma.
Márcia Kraemer
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