sábado, maio 30, 2015

SUICÍDIO POÉTICO




Pode por ventura um poeta dizer adeus à poesia
Antes do seu derradeiro suspiro?
Amassando sua própria alma como o faz com o papel de anotações arremessado na lixeira.
Cortando os pulsos da veia poética, como corta rimas de seus versos...
Introduzindo uma flecha em seu peito como introduz a vida em seus poemas...
Calando para sempre suas inspirações como calou por tantas vezes para ouvir os sussurros do universo.
Pode por ventura um poeta sobreviver sem escrever?
Pode por ventura um poeta sentir a vida pulsar proibindo as manifestações do amor poético enraizado em seu coração?
Pode por ventura um poeta adequar-se a este mundo efêmero quando seu próprio habitat é a levitação sobre os embustes carregados de pura matéria onde os sentimentos são meros matizes superficialmente rabiscados nos muros da insensatez.
 Pode porventura o poeta, desvencilhar-se do seu espírito para uma matéria que não condiz com sua essência elevada, que se manifesta como o ar em movimento varrendo dos olhos dos que os leem as poeiras que ofuscam a luz de um novo e sublime olhar sobre a vida que pede passagem...
Pobre e inútil existência sem esta pura e cristalina essência!

Marcia Kraemer  26/05/2015

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