terça-feira, janeiro 04, 2011

FUNERAL DA PAIXÃO


Uma admiração, um sonho, um desejo, um sentimento, adormecidos no colo da razão.
Transformado em monólogo no palco da ilusão...
Anseia os olhos da desventura um resquício de realidade entre os gemidos agonizantes da esperança...
As mãos do equívoco buscam em meio aos restos mortais da idealização uma relíquia do fatídico endeusamento.
Os braços do vazio abrem-se ao encontro do vento da solidão.
A face oculta do medo desfigura-se sob o peso das lágrimas afiadas pela indiferença.
A mente padece necrosada pelos arautos da loucura...
O coração desfalece.
Arrebatado pela erupção do caos vê-se lançado ao confinamento no calabouço da cega e cruel desilusão.
O que antes brilhava como ouro no crisol dá lugar a nuvem cinzenta do crepúsculo.
Deixando visível no palco da ilusão apenas uma silhueta esvaindo-se no nevoeiro da iniquidade.
O corpo permanece inerte ao som dos passos do carrasco destino que lentamente aproxima-se para desferir seu último golpe.
Um derradeiro suspiro ecoa pelo labirinto da prisão abrindo o cortejo para o funeral da paixão.
 Soam as trombetas anunciando o fim.
Sem lamentos, sem lágrimas, sem dores ou gemidos.
Envolto por um profundo silencio de paz o amor acolhe a alma que parte serena da tumba dos desvalidos.


Márcia Kraemer

28/12/09

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