Orfeu usava a
lira para transformar sua paixão, seu amor, seus desejos ardentes em melodias
que fascinavam até os pássaros... É assim quando o amor chega, com seus
encantos, fazendo das sensações sua lira, fascinando os que se rendem a esta
magia, com a mais bela e intrigante melodia poética da paixão, dos sonhos e dos
desejos mais ardentes, que se transformam em vento suave nos jardins de Orfeu,
capaz de arrancar a folha que temia, até então, desprender-se, para enfim rolar
e voar livremente nos braços do vento da majestosa paixão.
Como deuses nos jardins
sensuais de Orfeu, os apaixonados se entregam com a mesma sensualidade e magia
com que Orfeu tocava as cordas de sua Lira.
Com a mesma suavidade
com que o orvalho escorre pelas plantas o amado unge o corpo de sua amada,
lentamente... Formando pequenas cascatas de vinho puro e cristalino, fazendo do
corpo da amada a sua taça, por onde percorre com os lábios sedentos de
prazer, não desperdiçando uma gota sequer para a volúpia de sua amada.
Assim como o sol,
quando liberta seus primeiros raios pela manhã, aquecendo profundamente o
mundo dos mortais, declarando seus loucos e ardentes desejos pela terra,
que aguarda sedenta e serena nas noites escuras e frias, pelo calor
do seu amado a cada novo amanhecer, seus lábios ardentes, aproximam-se
lentamente, até tocarem os lábios da amada no exato momento em que seus corpos
se entregam ao deleite delírio místico dos gemidos inefáveis da louca paixão.
Os corpos colados um ao
outro em transe absoluto de prazer e delírios, flutuavam sobre o umbral do
êxtase ardente como ouro no crisol.
Márcia Kraemer
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