Desvendando
algumas características deste ser, que dá vida às palavras, aos sonhos e
anseios enrustidos na essência da alma, por detrás das cascas dos medos,
incertezas e inseguranças, suavemente rasgadas pelos versos de esperança, pelas
rimas da existência, e pelo suave prazer da leitura que convida a uma
desconexão do mundo irreal (este), para o mundo real (interior), em um breve
encontro consigo mesmo com seus sentimentos e emoções, lágrimas e sorrisos,
descobre-se o âmago do próprio ser na profundidade e na intensidade das
palavras escritas pelas mãos mágicas do poeta que brinca de ciranda com as
letras e pula corda com os versos.
Poeta é
assim vê vida aonde aparentemente não tem, vê amor aonde aparentemente não
existe, vê caminhos em meio a pedras e espinhos. O poeta arranca o véu da
aparência trazendo à luz as verdades mais veladas e temidas, mais covardes e
desafiantes para o intelecto dos inertes e a certeza de que o amor existe para
quem nele crê, com ele vive e por ele se doa nas entrelinhas da vida, onde está
escrito que só se ferem os que a ele não se entregam, só se decepcionam os que
ele idealizam, e só morrem os que dele se desviam.
Na leitura poética do mundo dos
relacionamentos, amor e amizade são sentimentos intimamente e inseparavelmente
ligados. Sendo que não existirá amor sem amizade como também não existirá
amizade sem amor. A dinâmica entre ambos pode ser comparada a semente e o
barro, que juntos brotam, juntos florescem, juntos saciam, juntos oferecem seus
frutos. A semente sem o barro é apenas uma semente, o barro sem a semente é
apenas um punhado de barro. O amor não surge sem o amparo da amizade e a
amizade não dura sem o amparo do amor. Portanto, o ser poeta está muito além de
escrever palavras bonitas, ser poeta antes de tudo é ser protagonista do amor e
da amizade.
O poeta
elege como fonte sua própria alma, fragmentada em seus poemas, versos e
canções. E se vem da alma para ela retorna com maior intensidade, libertando-a,
pois, o poeta é distribuidor das preciosidades reservadas em seus constantes
mergulhos nas profundezas do oceano da reflexão para assim transformá-las em
ação libertadora, mesmo que nem sempre tenha vivenciado aquilo que escreve,
mas, sempre escreve aquilo que sente. E são vários os sentimentos que levam o
poeta a compor e estes sim são experimentados em sua totalidade.
Na
concepção poética não existe meio termo, existe busca para encontrar um sentido
completo ao desenvolver seus pensamentos, existe busca pela palavra exata que
transpareça a razão de ser dos seus escritos dentro de um contexto lirístico
complexo que proporcione ao leitor, no ato da leitura, a partilha e a
experimentação dos sentimentos contidos nas palavras. Mesmo que não deixe
transparecer o poeta está sempre atento a tudo e a todos, são fatos,
movimentos, palavras, paisagens, a madrugada, uma simples folha seca jogada ao
chão. Nada, nada escapa a sua capacidade coletora e inovadora de idéias, capaz
de transformar o que já é belo em algo fascinante e o insignificante no que há
de mais belo.
Congênito
por natureza, artista por excelência, com um forte e aguçado magnetismo
literário, fomenta em cada verso um trepidar de emoções que exaltam o amor e a
amizade na plenitude da vida! Autora: Márcia Kraemer
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