FATURAS
DE AMOR
Entra
ano e sai ano...
Entra
governo e sai governo...
E
parece que nada muda...
As
faturas aumentam...
Os
salários continuam mínimos...
A
saúde, a educação, a economia, a corrupção...
A
violência, a falta de prudência no trânsito...
Suicídios,
homicídios, tragédias...
Correm
as mídias, viram manchetes...
A
inadimplência aumenta a cada ano...
E
assim segue o ser humano.
Uma
corrida exaustiva pela busca incessante de ser no ter.
Quando
bastaria apenas ser.
E
com isso nossas faturais emocionais aumentam...
A
inadimplência nos relacionamentos afetivos supera qualquer índice anunciado
pela mídia.
A
corrupção do amor corrói mais vidas do que os cofres públicos.
Os
desvios de valores são mais danosos à população do que os desvios de verba.
A falta
de afeto é tão antiética quanto o nepotismo.
Mas
enquanto o foco estiver na bagunça econômica, no lixo eletrônico, na
superficialidade e na corrida pelo poder o ser humano continuará perecendo e
continuaremos inadimplentes nas faturas do amor, da caridade e da gratidão.
Queremos
um mundo melhor, uma sociedade justa e solidária.
Queremos
banir qualquer forma de preconceito.
Queremos
direitos iguais.
Queremos
políticos honestos.
Organizamos
manifestações, campanhas... Saindo as ruas de cara pintadas, batendo panelas...
Promovendo barulho... Em meio ao caos social.
E o
principal, o essencial fica sempre pra depois...
A
nossa dívida interna esta alcançando níveis cada vez maiores...
Uma
dívida que não se paga com dois empregos, com vales, cartões de créditos ou com
empréstimos bancários.
Amor
com amor se paga e jamais se apaga.
Vivemos
na era da escassez de abraços, de sorrisos, de encontros.
Falta
tempo...
Mas
não nos preocupemos, pois quando um ente querido partir nos é concedido o
direito, que consta em lei, de um tempo para acompanha-lo a sua última
morada... Já que não tivemos tempo para visita-lo a tempo...
A
vida é definida como o espaço de tempo entre o nascimento e a morte...
Poeticamente
ouso discordar desta ou de quaisquer outras definições e proponho que a vida é
o próprio espaço de tempo que dispomos para morrer sem lamentações... Feliz
daquele que conseguir tão nobre e louvável gesto de caridade a sua própria
alma.
Márcia
Kraemer. (Poetisamar)
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